quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O dia em que deixei de acreditar no Pai Natal

" Esta é uma carta dirigida a alguém que não existe. Já existiu, no tempo em que pensava que o sol brilhava para todos ou que tal como eu, todas as pessoas enfrentavam a vida com um sorriso nos lábios. Lembro-me da última vez em que acreditei em ti. Levaram-me para uma sala ao pé da varanda para não ver um senhor de barbas brancas e fato vermelho a descer pela chaminé, trazendo todos os meus presentes. Quem me dera não ter recebido nada, quem me dera nunca ter acreditado em ti...

No Natal seguinte não apareceste. E eu desconfiei e perguntei porque estava tudo diferente. As coisas já não estavam bem, eu sabia mas não conseguia fazer nada para me sentir melhor. E depois desse mesmo Natal, veio outro. E outro. O Pai Natal não vem? Será que ficou doente? Ou não me tenho portado bem e ele resolveu dar os meus presentes a outras crianças? Vá lá, podia ser um bocadinho egoísta mas não compreendia porque razão me tinhas deixado para trás. Logo a mim! Que tanto acreditava em ti, que tanto esperei por ti...

Depois deste-me uma prenda ingrata. Na verdade duas. No início custou, apetecia-me chorar e ficar muito quieta no meu quarto, longe de toda a gente. Um Natal separado hã? Onde me cobravam por estar num lugar e se por acaso escolhesse esse mesmo lugar, todas as outras pessoas me cobravam por estar ali. Sabes o quanto doeu ter de optar? E ouvir as bocas de quem mais gostava por não ter feito aquilo que elas queriam? Como se eu fosse um boneco, a minha própria prenda...

E a segunda prenda foi a mais dolorosa que me deste. Foste tão mau por ter deixado de acreditar em ti... Mais uma separação. Desta vez definitiva. Chovia tanto que quase não quis ir. Não foi opção, mais cedo ou mais tarde acabarias por ir e eu não me convenci disso a tempo. O Natal deixou de ser aquilo que era. Não porque cresci mas sim porque deixei de acreditar em ti. Por isso, este Natal, não me visites. As prendas que um dia me deste, todas as que enchiam a chaminé, dá-las a quem mais precisa. Eu não me importo, agora já não".

3 comentários:

  1. Ler isto fez-me ficar triste. O meu Natal de 2007 foi triste, também, por motivos de "separações definitivas", como disseste. Mas há que enfrentar os problemas de cabeça erguida, e foi isso que tentei fazer, e fiz. È claro que o Natal pode não ter a mesma magia de antigamente: mas para mim, felizmente, continua a ser uma época em que me sinto bem ao ver as iluminações nas ruas, ao entrar em casa com as luzes da árvore de natal a piscar por cima do presépio que cheira a musgo, de uma manhã mágica, de uma tarde bem passada, e de uma noite divertida. Para mim continua a ser tudo isto, e ainda mais. È família, é alegria, é sonho.

    Isto porquê? È que eu tenho muito mais do que o pai natal. Sabes a quem é que escrevo as minhas cartas desde pequenino? Não é ao barbudo. É a quem faz anos no dia 25 de Dezembro...

    ... acertaste. Ao menino Jesus.

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  2. Também já tive Natais tristes. "Separações definitivas" foram a principal causa. Mas continuo a adorar esta época natalícia. A família e a alegria de estarmos todos juntos... É simplesmente mágico!!!
    Eu também nunca liguei muito ao homem das barbas, sempre gostei mais do menino de fralda no meio da manjedoura.:D

    Feliz Natal!
    Bjoka*

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  3. Oh... não te queria lembrar situações triste, desculpa, não fazia ideia.
    Contudo mesmo triste deu um excelente post, muito sentido....
    Beijinhos e que este Natal seja + feliz ;)

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