sábado, 12 de dezembro de 2009

O tipo de música que fura os tímpanos

Creio que não fui muito objectiva. O que realmente queria dizer é que alguns cantores, que acreditam ser cantores, têm muito mais talento para demonstrar, não tem que ser necessariamente no mundo da música. Esta foi a justificação mais simpática que encontrei para classificar o tipo de pessoa que ou não ouve como canta, ou então tem mesmo os tímpanos furados.

E essa frase de: "Quando acreditas, tudo é possível", isso é mentira. Foi só uma estratégia da Nike para que as suas vendas aumentassem. Uma pessoa que não sabe desenhar, mesmo que se dedique à aprendizagem, vá para uma escola de Artes, nunca terá realmente a inspiração e a técnica de alguém que sempre desenhou com um traço quase perfeito. Não quero dizer que não consiga, depois de todos os passos dados, reunir algumas condições para ser considerado arquitecto ou pintor, mas será apenas um daqueles de bairro, que se multiplica em trabalhos para poder pagar as contas ao final do mês.

Por essa mesma razão, ainda não escolhi o curso que vou seguir. Falta-me apenas um ano para ir para a Universidade e sinceramente continuo indecisa. Há quem diga que tenho "lábia" suficiente para ir para Advocacia, que consigo demonstrar o meu ponto de vista de forma aliciante e convincente, outros dizem que a Psicologia encaixa perfeitamente no meu perfil. Digo as palavras certas no momento certo e ajudo quem precisa apenas por me interessar pelo seu estado. E há ainda alguns, que dizem que tenho a capacidade de escrever maravilhosamente bem. Inclusivé certos professores que têm bastante confiança nas minhas capacidades literárias. Vai ser difícil escolher. E por agora não penso muito nisso, prefiro levar a vida com o meu sempre presente, espírito irónico.

Feliz Natal! =)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O dia em que deixei de acreditar no Pai Natal

" Esta é uma carta dirigida a alguém que não existe. Já existiu, no tempo em que pensava que o sol brilhava para todos ou que tal como eu, todas as pessoas enfrentavam a vida com um sorriso nos lábios. Lembro-me da última vez em que acreditei em ti. Levaram-me para uma sala ao pé da varanda para não ver um senhor de barbas brancas e fato vermelho a descer pela chaminé, trazendo todos os meus presentes. Quem me dera não ter recebido nada, quem me dera nunca ter acreditado em ti...

No Natal seguinte não apareceste. E eu desconfiei e perguntei porque estava tudo diferente. As coisas já não estavam bem, eu sabia mas não conseguia fazer nada para me sentir melhor. E depois desse mesmo Natal, veio outro. E outro. O Pai Natal não vem? Será que ficou doente? Ou não me tenho portado bem e ele resolveu dar os meus presentes a outras crianças? Vá lá, podia ser um bocadinho egoísta mas não compreendia porque razão me tinhas deixado para trás. Logo a mim! Que tanto acreditava em ti, que tanto esperei por ti...

Depois deste-me uma prenda ingrata. Na verdade duas. No início custou, apetecia-me chorar e ficar muito quieta no meu quarto, longe de toda a gente. Um Natal separado hã? Onde me cobravam por estar num lugar e se por acaso escolhesse esse mesmo lugar, todas as outras pessoas me cobravam por estar ali. Sabes o quanto doeu ter de optar? E ouvir as bocas de quem mais gostava por não ter feito aquilo que elas queriam? Como se eu fosse um boneco, a minha própria prenda...

E a segunda prenda foi a mais dolorosa que me deste. Foste tão mau por ter deixado de acreditar em ti... Mais uma separação. Desta vez definitiva. Chovia tanto que quase não quis ir. Não foi opção, mais cedo ou mais tarde acabarias por ir e eu não me convenci disso a tempo. O Natal deixou de ser aquilo que era. Não porque cresci mas sim porque deixei de acreditar em ti. Por isso, este Natal, não me visites. As prendas que um dia me deste, todas as que enchiam a chaminé, dá-las a quem mais precisa. Eu não me importo, agora já não".